| PúblicoFTAA.soc/civ/46
 10 de junho de 2002
 Original: PortuguêsPortuguese only/Só 
      em Português/ Sólo en Portugués
 ALCA - 
      COMITÊ DE REPRESENTANTES GOVERNAMENTAIS SOBRE A PARTICIPAÇÃO
      DASOCIEDADE 
      CIVIL
 
      CONTRIBUIÇÃO RELACIONADA COM O CONVITE PÚBLICO 
 
        
          
            | Nome(s) | “Agricultura na OMC - estágio atual das negociações”
      Arnoldo de Campos |  
            | Organização(ões) | Grupo de Trabalho de Agricultura da REBRIP |  
            | País: | Brasil |  
 DESER/ACTION AID NEGOCIAÇÕES AGRÍCOLAS NA ALCA Arnoldo de CamposEconomista Deser
 
 
 
 Curitiba, dezembro de 2001.
 
 ÍndiceÍndice
 Introdução
 1) Breve Histórico da ALCA
 2) O movimento social e a ALCA
 2.1 Movimento Sindical 2.2. Articulações Internacionais
 2.3. Foro de São Paulo
 3) Agricultura na ALCA  3.1 Exportações agrícolas 3.2 Importações Agrícolas
 4) Os principais atores do comércio agrícola na ALCA
       4.1 EUA 4.1.1 Políticas de controle e regulamentação das 
        importações
 4.1.2 Políticas de apoio interno e exportações
 4.1.3 Empresas multinacionais
 4.2 Canadá
 4.2.1 Principais instrumentos de política 
        comercial no Canadá
 4.3 Chile
 4.3.1 Principais instrumentos de proteção interna
 4.4 México
 4.4.1 Principais instrumentos de proteção interna
 4.5 Brasil
 4.5.1 Principais instrumentos de proteção interna
 5) As negociações sobre agricultura na ALCA 5.1 Principais Atores e interesses 5.1.1 EUA
 5.1.2 Brasil
 6) As negociações na ALCA  6.1 Estrutura das negociações6.2 As Reuniões Ministeriais
 6.3 O Grupo de Negociações sobre Agricultura (GNAG)
 6.4 O Acordo Agrícola da ALCA
 7) Conclusões Bibliografia
 Introdução
 
 Encontra-se em fase decisiva o 
      processo de negociações da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). O 
      processo negociador apontou abril de 2002 como prazo limite para uma série 
      de definições preliminares. Em agricultura estão previstas definições: 
      sobre o método de desgravação tarifária, o alcance das negociações nessa 
      área; definições preliminares sobre o tratamento aos subsídios de 
      exportação e outras políticas do gênero que distorcem o comércio; 
      definições sobre métodos e processos para as negociações das medidas 
      sanitárias e fitossanitárias, entre outros temas de relevância. Apesar de 
      importantes, esses temas não tocam nos principais problemas que podem 
      ocorrer em consequência da integração hemisférica. A assimetria das 
      economias agrícolas da região, as economias menores, a prevenção de 
      impactos no emprego, políticas de desenvolvimento, de não exclusão, 
      transparência e participação não estão previstas no acordo, embora 
      apareçam nas declarações de cúpula. Esse ambiente gera muita preocupação 
      entre os agricultores e suas organizações.
 Ainda não estão claros quais os 
      benefícios e malefícios que esse processo pode acarretar a economia 
      agrícola do país e ao meio rural. As decisões estão sendo tomadas num 
      ritmo mais acelerado do que o necessário para que a sociedade e o próprio 
      governo possam tomar decisões mais legitimadas e coerentes com os 
      interesses nacionais.
 A estrutura oficial das negociações 
      e os seus métodos de decisão no espaço multilateral ainda são bastante 
      fechados, restritos aos governos e aos setores do grande empresariado.
 Ao nível nacional, o governo FHC tem 
      discursado em favor da transparência nas negociações, da maior abertura 
      para participação social e de uma tentativa de construção de consenso 
      interno a respeito do posicionamento brasileiro. O governo tem se reunido, 
      eventualmente, inclusive, com as organizações da agricultura familiar. 
      Esse processo ainda é muito tímido por parte do governo, sendo o 
      Ministério das Relações Exteriores, que coordena todo o processo, pouco 
      conhecedor da realidade vivida pelos agricultores brasileiros, sobretudo 
      os familiares. Predomina uma visão de que a agricultura tem a função 
      fundamental de gerar divisas para o país e que isso seria obtido através 
      da ampliação do acesso a mercados por parte do nosso agronegócio.
 Este cenário aponta para um enorme 
      desafio para as organizações da agricultura familiar e do campo como um 
      todo: como qualificar e intensificar a participação nesses processos com 
      vistas a interferir ou mesmo alterar rumos que não estejam de acordo com 
      os interesses do setor.
 Neste breve estudo pretende-se 
      trazer informações sobre a agricultura e comércio no espaço da ALCA, a 
      evolução das negociações, seu estágio atual e possíveis implicações. 
      Pretende apresentar os principais posicionamentos governamentais dos 
      países envolvidos, assim como apresentar também alguns comentários e 
      críticas referentes ao processo de integração e negociação. Com isso 
      objetiva-se permitir que as organizações da agricultura familiar possam 
      encontrar mais elementos para sua atuação e interferência nos processos 
      negociadores.
  1) Breve Histórico 
      da ALCA 
      
        A Área de Livre Comércio das 
      Américas (ALCA) decorre da chamada "Iniciativa para as Américas", proposta 
      pelo então Presidente dos EUA, George Bush, no início dos anos 90. Assim como o NAFTA (México, EUA e 
      Canadá), a ALCA foi um projeto desenvolvido por um governo republicano, 
      mas foi sendo negociado durante o governo Clinton, democrata que assumiu 
      em 92, após 12 anos de republicanos no poder. Agora, com a eleição de 
      Busch, os republicanos voltam a dirigir o país e, consequentemente, as 
      negociações internacionais.
 Participam das negociações 34 países 
      das Américas, com a exceção de Cuba. O bloco reúne uma população de quase 
      740 milhões de habitantes, sendo 380 milhões (51%) no NAFTA e 215 milhões 
      (25%) no Mercosul. Os EUA sozinhos respondem por 79% do PIB da região, 70% 
      do comércio externo e 35% da população. O Brasil responde por 21% da 
      população, 6,2% do PIB e 4% do comércio.
    
 
      
     
        A reunião de Cúpula de Miami, de 
      dezembro de 1994, reuniu Chefes de Estado e de Governo de trinta e quatro 
      países das Américas, sendo o único o país ausente Cuba. Na ocasião, foi 
      lançada a idéia de iniciar-se a negociação de uma Área de Livre Comércio 
      das Américas (ALCA), do Alasca à Patagônia, com vistas à sua conclusão em 
      2005. As decisões da Cúpula de Miami encontram-se consolidadas na 
      Declaração de Princípios e no Plano de Ação aprovados na ocasião. 
      Solicitou-se a OEA, BID e CEPAL a assistência técnica ao processo de 
      integração e decidiu-se promover reuniões anuais de ministros para avaliar 
      e coordenar o processo1. Basicamente, a ALCA pretende ser uma 
      área de livre comércio de produtos, dinheiro e, em alguns casos, de 
      serviços. Além disso, o acordo pretende disciplinar investimentos, 
      propriedade intelectual, entre outros temas de interesse maior dos EUA e 
      Canadá. Não é sua intenção a criação de uma integração econômica completa, 
      nos moldes da União Européia, por exemplo. Assim, não haverá espaço para a 
      livre circulação de pessoas. Nem chega a ser uma proposta parecida com o 
      Mercosul, onde existe uma tarifa externa comum, além de várias políticas 
      integradas. A proposta é restrita a eliminação das barreiras comerciais 
      entre os países da região, mais parecida com o NAFTA.
 Após a Cúpula de Miami, foram 
      realizadas, até o momento, seis reuniões ministeriais sobre a ALCA: em 
      1995, em Denver nos Estados Unidos; em 1996, em Cartagena na Colômbia. O 
      Brasil organizou, em 1997, em Belo Horizonte, a terceira reunião 
      ministerial. Em março de 1998, teve lugar, em São José da Costa Rica, a 
      quarta reunião ministerial da ALCA, que marcou o final da fase 
      preparatória e o início efetivo das negociações. Foi criado o Comitê de 
      Negociações Comerciais (CNC), que se reuniu pela primeira vez em Buenos 
      Aires. Em abril de 1998, reuniu-se em Santiago no Chile, a Segunda Cúpula 
      das Américas, que discutiu o estágio das negociações da ALCA e diversos 
      outros temas. Com relação a ALCA, a Cúpula recordou que as negociações 
      deveriam estar concluídas até 2005. Também foi acordado que os Ministros 
      aprovariam, até o ano 2000, medidas de facilitação de negócios. O Brasil 
      já as implementou. Em novembro de 1999, realizou-se em Toronto, Canadá, a 
      Quinta Reunião Ministerial da ALCA, onde foram estabelecidas diretrizes 
      para o futuro das negociações até a Reunião Ministerial de Buenos Aires, 
      em abril de 2001. A sexta reunião ocorreu em Buenos Aires, em abril de 
      2001.
 As discussões da ALCA desenvolvem-se 
      em nove grupos de negociação - Acesso a Mercados; Agricultura; Serviços; 
      Investimentos; Compras Governamentais; Solução de Controvérsias; Direitos 
      de Propriedade Intelectual; Subsídios, Antidumping e Medidas 
      Compensatórias; e Políticas de Concorrência - e em três instâncias não 
      negociadoras - Grupo Consultivo sobre Economias Menores; Comitê de 
      Representantes Governamentais sobre a participação da Sociedade Civil; e 
      Comitê Conjunto de Especialistas do Governo e do Setor Privado sobre 
      Comércio Eletrônico. Os grupos negociadores e as três instâncias não 
      negociadoras se reportam ao Comitê de Negociações Comerciais (CNC).
 A definição dos mandatos dos nove 
      Grupos de Negociações da ALCA ocorreu em Buenos Aires, durante a I Reunião 
      do Comitê de Negociações Comerciais (CNC), realizado no período de 17 a 19 
      de junho de 1998.
 Uma contradição é evidente nos 
      documentos de cúpula. Há uma ausência de definições sobre como a 
      agricultura e o meio rural vão de fato ser transformadas em eixo 
      fundamental para o desenvolvimento sustentável da região. No Plano de Ação 
      e na Declaração Ministerial, essas preocupações não são incorporadas nas 
      tarefas e prazos estabelecidos para os diferentes grupos de negociação.
  2) O movimento social e a ALCA 2.1 Movimento Sindical
 O movimento sindical através da 
      CIOLS/ORIT (representante das organizações sindicais das Américas) 
      realizou em Denver, em 1995 uma Conferência Paralela aprovando um 
      documento que manifestou as preocupações e reivindicações em relação ao 
      processo de integração. No entanto, a Declaração final dos governos em 
      Denver aprovou a participação dos "setores econômicos" (empresários) e 
      definiu que o respeito e a promoção dos direitos dos trabalhadores deve se 
      dar através dos respectivos governos, ignorando o documento da CIOLS/ORIT. 
      A partir daí a CIOLS/ORIT vem participando de todos os eventos da ALCA em 
      conferências paralelas articulando e fortalecendo os Fóruns da Sociedade 
      Civil. As Centrais Sindicais entendem que só a democratização e a garantia 
      da dimensão social podem assegurar os direitos e interesses dos 
      trabalhadores. Nesse sentido, a ALCA começa mal, dando espaço oficial para 
      que o setor empresarial participe do processo, enquanto que aos 
      trabalhadores lhes e negado o direito de influenciar no debate.
 A CUT/Brasil também vê com reservas 
      o processo de integração da ALCA, destacando problemas como a assimetria 
      entre os países, os temas que estão sendo negociados, especialmente 
      investimentos, serviços e propriedade intelectual, nos quais o Brasil tem 
      pouco a ganhar. A central tem defendido a realização do plebiscito para 
      definição da adesão ou não ao projeto de integração. Kjeld Jakobsen2  , 
      representante da CUT sobre o tema, alerta ainda para os perigos de acordos 
      na ALCA que levem a maior internacionalização da economia brasileira. Isso 
      já vem ocorrendo sem o acordo da ALCA. Certos produtos, como os 
      eletrônicos, tema de negociações também do acordo, podem significar maior 
      dependência em importações. Para Kjeld mais abertura vai significar mais 
      desemprego. O Brasil já conhece a história. Nos anos 90, uma das 
      consequências do processo de abertura e redução de tarifas foi a extinção 
      de 1/3 dos empregos na indústria do país.
 Para a Contag (Confederação Nacional 
      dos Trabalhadores em Agricultura), a ALCA significará aumento da 
      dependência externa e inviabilidade de um projeto de desenvolvimento 
      independente para o país3  . A organização tem participado de todos os 
      espaços nacionais de negociação sobre o tema, com destaque para sua 
      participação na Senalca e no grupo nacional de negociações sobre 
      agricultura na ALCA. A Contag, no espaço da ALCA, se articula 
      principalmente com a RIAD (Rede Interamericana de Agricultura e Democracia), 
      que reúne organizações sindicais e ONG’s do continente, mas também tem 
      dialogado com outras organizações internacionais, como a Via Campesina4   e o 
      CLOC (Coordenadoria Latino-Americana de Organizações Camposesas).
 O MST também tem se posicionado 
      contra o acordo continental e participado ativamente de articulações 
      internacionais na região como o CLOC e a Via Campesina. Ambas as 
      organizações tem posição bastante crítica quanto ao processo da ALCA.
 A Frente Sul da Agricultura Familiar5   também expressa sua preocupação, destacando que o acordo Mercosul, 
      realizado entre economias com menos assimetrias, já trouxe prejuízos 
      enormes para os agricultores do país. A organização teme que a ALCA, ao 
      integrar a economia brasileira com a americana e canadense, cause ainda 
      mais problemas para o campo.
  2.2. Articulações Internacionais Paralelamente ao foro oficial de 
      negociações, ocorre regulamente encontros e negociações entre as 
      organizações sociais do continente. No campo da agricultura e do 
      desenvolvimento rural existem inúmeras organizações com atuação 
      internacional e que definem estratégias comuns de atuação. Estas 
      organizações se articulam na região de diversas formas, entre elas a Via 
      Campesina e a RIAD. Ambas tem posicionamento bastante crítico em relação 
      às negociações comerciais.
 A Via Campesina conta com a 
      participação de organizações de quase todos os continentes. No Brasil a 
      principal é o MST. Para a Via Campesina, o espaço das negociações 
      comerciais deveria se dar principalmente na ONU e não na OMC e nos acordos 
      regionais. A organização coloca como pré-requisito para que as negociações 
      sejam estabelecidas a participação das organizações sociais, o que não tem 
      sido garantido no processo da ALCA. A Via Campesina pede a eliminação de 
      todas as políticas de ajuda direta ou indireta às exportações. A 
      organização entende que as negociações deveriam estar subordinadas aos 
      interesses de segurança alimentar e dos direitos humanos, em contraposição 
      a lógica dominante das grandes multinacionais.6
 A RIAD, por sua vez, foi criada em 
      1992, no México por organizações de vários países do continente. No Brasil, 
      atualmente, tem maior participação nessa articulação a Contag, o IBASE, 
      entre outras. A organização critica a filosofia adotada pela maioria dos 
      governos que vêm o mercado como regulador da economia. A organização 
      critica também o formato das políticas internacionais nos últimos anos, 
      que tenderam, segundo a organização, para conformar interesses dos países 
      com excedentes de produção, com políticas fortes de ajuda interna e 
      subsídios à exportação. A RIAD apresenta-se defendendo a agricultura 
      familiar como setor estratégico para o desenvolvimento da região e a 
      segurança alimentar como direito dos povos.7
  
        2.3. Foro de São Paulo Para o Foro de São Paulo, que reúne 
      grupos e partidos de esquerda e centro esquerda na América Latina, o 
      possível acordo da ALCA possui vários problemas, entre eles destacam-se8:
 
        O grupo propõe ainda:
 O acordo pretende a integração de economias 
      assimétricas, o que sem políticas diferenciadas e de redução das 
      assimetrias tornará problemática a situação de vários países;
        
O acordo, na forma em que está sendo construído, 
      congelaria a atual divisão do trabalho no continente, frustrando o 
      crescimento diversificado da indústria, agricultura e serviços fora dos 
      EUA;
        
   O comércio não pode ser negociado desvinculado de um 
      projeto de desenvolvimento para a região. Qualquer iniciativa de 
      integração deve promover políticas comuns a favor de um desenvolvimento 
      equitativo;
        
  A ALCA, na 
      forma como está, representa uma regressão de tipo colonial e que gerará 
      profunda instabilidade econômica, social e política na região. 
         
       
        
Construir propostas alternativas a ALCA
        
Exigir maior transparência e publicidade das 
      negociações;
        
Buscar aliados entre os parlamentares do continente;
        
Procurar aliados dentro dos EUA, com visão crítica à 
      integração que está sendo proposta;
        
 Vai defender 
      a realização de plebiscitos para a adesão ou não a ALCA.
          A próxima reunião do Foro de São 
      Paulo ocorrerá ainda no mês de dezembro de 2001, na cidade de Havana, 
      Cuba, entre os dias 4 a 7.  3) Agricultura na ALCANo espaço da ALCA quatro países destacam-se como mais representativos em 
      termos de produção e comércio agrícola. Em primeiro lugar estão os EUA, 
      com uma produção de aproximadamente 480 milhões de toneladas de grãos, 
      carnes e leite. A produção e as exportações agrícolas americanas se 
      concentram nos principais grãos: soja, trigo, milho e algodão. O segundo 
      país mais importante da região em termos de agricultura é o Canadá. O 
      Canadá é também um grande exportador de grãos, principalmente trigo, e 
      leite. O Brasil é o terceiro país mais importante com uma produção de 
      grãos, carnes e leite de aproximadamente 124 milhões de toneladas, seguido 
      da Argentina, com 80 milhões. O Brasil exporta principalmente soja, café, 
      açúcar, suco de laranja, carnes e fumo, além de madeira e derivados e 
      calçados. A Argentina, por sua vez, exporta soja, trigo, milho, leite, 
      carnes, entre outros produtos. Tem alguma expressão na região o Chile e a 
      Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela e Peru).9
 Os demais países podem ser divididos 
      em diferentes situações, conforme sua relação com o comércio internacional. 
      Existem aqueles em que as exportações agrícolas ainda são parte principal 
      das exportações, mas que têm pouco ou nenhum peso no comércio 
      internacional. Esses são os casos, por exemplo Equador, Nicarágua, 
      Colômbia, entre outros. Há um grupo de países que são mais dependentes de 
      importações agrícolas, como a Guatemala e outros pequenos países. As 
      importações desses países não têm grande expressão em termos de volumes 
      comercializados. Esses dois últimos grupos de países têm uma outra 
      característica, a distribuição de suas relações comerciais é altamente 
      concentrada nos EUA, pelo menos a grande maioria deles. Isso faz com que a 
      influência americana seja maior.
  3.1 Exportações agrícolasO comércio agrícola mundial 
      movimentou perto de US$ 544 bilhões em 1999, segundo dados da OMC. As 
      exportações agrícolas totais da ALCA estão próximas dos US$ 200 bilhões, 
      representando perto de 35% das exportações totais do planeta.
 No que diz respeito aos principais 
      blocos do continente, o NAFTA exportou aproximadamente US$ 100 bilhões, 
      20% do total mundial e quase 55% do total regional. O Mercosul, mais Chile 
      e Bolívia, exportaram juntos aproximadamente US$ 40 bilhões, 7% mundial e 
      20% do bloco.
 No espaço das Américas, quatro 
      países destacam-se como grandes exportadores agrícolas: EUA, Canadá, 
      Brasil e Argentina, pela ordem de importância.
 Na América do Norte encontra-se o 
      maior exportador mundial de produtos agrícolas. Os EUA exportaram US$ 66 
      bilhões em 99, mais do que o total exportado pela América Latina. O Canadá 
      também está situado entre os maiores exportadores agrícolas do mundo, 
      chegando a US$ 32 bilhões no mesmo ano. O Brasil exportou US$ 16 bilhões e 
      a Argentina US$ 13 bilhões. Todos os dados são da OMC.
 O Mercosul, mais Chile e Bolívia 
      representam quase US$ 40 bilhões em exportações agrícolas, mais ou menos 
      20% do total das Américas.
 
  Com relação ao destino das 
      exportações, no caso do NAFTA, o principal comprador é o continente 
      asiático, com US$ 33 bilhões, ou 1/3 das exportações totais. Em seguida, o 
      NAFTA é responsável por U$ 32 bilhões. Para os países da América latina 
      destinam-se aproximadamente US$ 13 bilhões, ou 13% do total exportado. US$ 
      14 bilhões vão para a Europa Ocidental.O Mercosul, por sua vez, tem na 
      Europa Ocidental o seu principal mercado, representando mais de 40% das 
      exportações do Bloco. Para o Nafta o bloco destina perto de 20% de suas 
      exportações agrícolas. O comércio intra-bloco também representa perto de 
      20% das exportações totais. Perto de 10% vai para os países da América 
      Latina, sendo o restante distribuído entre as demais regiões.
 As exportações agrícolas têm maior 
      peso nas economias do sul do continente. Para os latino-americanos, as 
      exportações agrícolas correspondem a 20% do total enquanto que esse número 
      é de 10% para os países da América do Norte. Apenas 9,5% das exportações 
      totais americanas são de produtos agrícolas. Para a Argentina esse 
      percentual ultrapassa os 50%. Para o Canadá, o peso das exportações é de 
      14%, enquanto que para o Brasil é de 34%.
  3.2 Importações AgrícolasOs países que compõem a ALCA juntos 
      importam menos do que exportam, acumulando na região um expressivo 
      superávit comercial que deve ter chegado aos US$ 90 bilhões de dólares em 
      99, ou 17% das importações mundiais, segundo dados da OMC.
 Em relação aos dois principais 
      blocos do continente, o NAFTA é o maior importador, com US$ 90 bilhões. O 
      saldo comercial do bloco é pequeno, de aproximadamente US$ 10 bilhões, a 
      maior parte no Canadá. Os EUA têm uma balança agrícola equilibrada e o 
      México acumula déficit’s crescentes. O Mercosul, mais Chile e Bolívia, 
      importaram juntos, menos de US$ 8 bilhões, significando um saldo comercial 
      de aproximadamente US$ 30 bilhões, três vezes maior que o saldo do NAFTA e 
      1/3 de todo o saldo da região.
 O maior importador isolado do 
      continente é os EUA, com US$ 66 bilhões de gastos com importação em 99. Em 
      seguida aparece o Canadá, com US$ 14,3 bi, o México, com US$ 9,7 bi e o 
      Brasil com U$ 5,1 bilhões, todos em 99 conforme dados da OMC.
 Para o Nafta, as importações são 
      provenientes principalmente do interior do bloco (28%), da América Latina 
      (28%), da Europa Ocidental (20%) e Ásia (20%).
  4) Os principais atores do comércio 
      agrícola na ALCANeste tópico a idéia é 
      sinteticamente descrever as principais políticas utilizadas no espaço das 
      Américas pelos países que tem mais atuação no comércio agrícola da região. 
      A principal fonte de informação nesse sentido é a publicação do MDIC (Ministério 
      do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior): Barreiras externas às 
      exportações brasileiras, de 1999. A análise se concentrará nas medidas de 
      defesa, controle e regulamentação das importações, mas tratará também das 
      políticas de apoio interno e de apoio às exportações. O aspecto 
      interessante da análise citada decorre da interpretação da política 
      comercial dos países com os quais o Brasil mantém relações comerciais..
  4.1 EUA A relação comercial brasileira com 
      os EUA vai muito além do comércio agrícola. A pauta de exportações e 
      importações entre os dois países é bastante variada. Tanto americanos 
      quanto brasileiros trocam produtos dos mais diferentes setores, com uma 
      vantagem para a pauta americana mais concentrada em produtos de maior 
      valor agregado. Os novos produtos do mundo da informática, desde 
      componentes até programas de computador são importados em grandes 
      quantidades pelo Brasil. As relações comerciais também são intensas no 
      campo de atuação das multinacionais. Os EUA, isoladamente, estão entre os 
      países que mais investem no Brasil, tendo instaladas no país inúmeras de 
      suas empresas, inclusive no setor de alimentação, fumo e bebidas. Em 1996, 
      os americanos investiram no Brasil US$ 20 bilhões, sendo menos de 3% no 
      setor de alimentação.
 Perto de 20% das exportações totais 
      do Brasil vão para os EUA, sendo o país que mais importa do Brasil 
      isoladamente. Em 98 o Brasil exportou US$ 10 bilhões, contra importações 
      de US$ 13 bilhões. Atualmente a balança comercial entre os dois países 
      está mais equilibrada. Em termos de agricultura, o Brasil acumula 
      superávit. Os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA são 
      fumo, suco de laranja, açúcar, castanha de caju, entre outros. Pelo lado 
      das importações há uma variedade de produtos, com oscilações na 
      importância de cada um deles. São comuns importações de trigo, soja, 
      cerveja, fumo, milho, entre outros. Atualmente as importações estão em 
      níveis mais baixos, propiciando saldos comerciais próximos a US$ 1 bilhão.
 A agricultura americana é uma das 
      mais competitivas do planeta, responsável pela movimentação das maiores 
      quantidades de recursos no mercado internacional. No espaço das Américas 
      esse desempenho é mais modesto, uma vez que a maioria dos países da região 
      tem necessidades menores de importação de alimentos ou são fortes 
      exportadores.
 Em termos de participação no PIB do 
      país, a agricultura representa menos de 2%. O PIB total americano foi de 
      US$ 8,2 trilhões em 1998, segundo dados da OMC.
 Em relação às medidas para o 
      comércio agrícola, os americanos estão entre os que possuem uma das mais 
      complexas políticas para o setor. Um emaranhado de políticas de proteção 
      interna, estímulo à produção e políticas de comércio exterior são 
      utilizados pelos americanos.
  4.1.1 Políticas de controle e 
      regulamentação das importaçõesA tarifa média para entrada no 
      mercado americano é de 5,2%, sendo a tarifa máxima de 350%. As tarifas 
      médias mais elevadas estão vigorando para os produtos do reino animal e 
      vegetal e para os produtos das indústrias de alimentos, bebidas e fumo.
 Os EUA praticam vários tipos de 
      políticas em relação às importações, entre elas destacam-se:
 Tarifas específicas  
      - as tarifas específicas americanas são geralmente maiores que as tarifas 
      normais aplicadas às importações, uma vez que a tarifa específica é 
      proporcionalmente maior quanto menor é o preço do produto. Os americanos a 
      utilizam principalmente para produtos do setor agroalimentar. Entre os 
      produtos brasileiros que sofrem a incidência de tarifas específicas no 
      mercado americano destacam-se: fumo, suco de laranja, abacaxi, abacate, 
      laranja, limão, uva e pêra. O suco de laranja é um dos produtos que tem 
      tarifas maiores, podendo chegara a mais de US$ 0,08 por litro concentrado. 
      Com esse tipo de instrumento os americanos incentivaram a produção interna, 
      especialmente a da Flórida. Costa Rica e México tem preferências 
      tarifárias, decorrentes do NAFTA.
 Tarifas sazonais -  
      é um instrumento que serve para elevar as tarifas de importação em 
      determinados períodos, principalmente em épocas de colheita ou de 
      superprodução. Frutas e vegetais contam com esse tipo de instrumento de 
      proteção interna.
 Preferências Tarifárias -  
      os americanos utilizam um sistema de preferências tarifárias, negociadas 
      caso a caso, país por país ou com blocos econômicos. As preferências 
      vigoram por um período específico, levando a necessidade de renegociações 
      periódicas. O Brasil tem algumas preferências tarifárias, constantes no 
      Sistema Geral de Preferências. Mas a maior parte desse regime dirige-se 
      aos países do NAFTA, Israel, Caribe, Pacto Andino, China, União Européia, 
      Japão e Coréia.
 Quotas -  
      esse instrumento serve para distribuir entre os países exportadores de um 
      determinado produto às quantidades que cada um tem direito de exportar 
      para o mercado americano. O Acordo Agrícola do GATT estabeleceu que todas 
      as medidas não tarifárias deveriam ser tarificadas. Dessa forma, a 
      política de cotas estabelece tarifas abaixo da cota e acima da cota. O 
      Brasil tem questionado fortemente esse tipo de política, que serve para os 
      americanos estabelecer relações bilaterais de maior dependência por parte 
      de seus parceiros. Uma determinada cota pode ser pouco representativa no 
      mercado americano, mas muito representativa para o país exportador. Nesse 
      sentido, pequenas economias acabam sendo beneficiadas pela política de 
      cotas americana. Entre os principais produtos sujeitos a política de cotas 
      americana estão: bovinos, laticínios, açúcar, fumo, algodão, amendoim, 
      chocolate, laranja e azeitonas. Entre os produtos brasileiros que estão 
      sob regime de cotas no mercado americano destacam-se o fumo e o açúcar. 
      Para se ter uma idéia da restrição à entrada do produto brasileiro no 
      mercado americano pode-se observar o caso do açúcar. Para exportações 
      abaixo da cota a tarifa é de US$ 0,0146, perto de 3,4% do valor de entrada 
      do produto. Acima da cota, essa tarifa chega a US$ 0,349, ou 82% do valor 
      do produto. Para o açúcar a fatia destinada ao Brasil é de 13,5% da cota, 
      enquanto que a Republica Dominicana tem direito a mais de 16% da cota 
      total para o produto.
 Com relação ao fumo, a proteção à 
      produção doméstica é regulada por lei, sendo estabelecido obrigatoriedade 
      de 75% da produção de cigarros ter matéria-prima doméstica. Dessa forma, 
      com o tipo de fumo que o Brasil exporta, pode-se disputar apenas 10% do 
      mercado americano. Das 750 cotas utilizadas pelos americanos, apenas 2 
      foram eliminadas desde o acordo agrícola do GATT.
 Mididas anti-dumping e 
      compensatórias  - os EUA destaca-se pela 
      constante utilização desse tipo de medida, sendo o Brasil um dos países 
      mais penalizados. Para o governo brasileiro, os americanos possuem uma 
      legislação muito subjetiva e arbitrária, podendo estar utilizando o 
      instrumento como mecanismo protecionista. Sofreram questionamento dos 
      americanos e aplicaram-se medidas anti-dumping ou compensatórias contra o 
      suco de laranja brasileiro, máquinas e ferramentas agrícolas.
 Salvaguardas  
      - é um mecanismo através do qual se aplicam taxas adicionais as 
      importações realizadas fora da quota e quando os preços de importação 
      estão abaixo do preço de referência consolidado na OMC, cuja base de 
      cálculo são os anos de 1986/88. As empresas domésticas precisam comprovar 
      dano e apresentar cronograma de estruturação para que as medidas de 
      salvaguardas possam ser aplicadas.
 Unilateralismo  
      - são medidas que estão em legislação americana de 1974 e que podem 
      significar retaliações comerciais unilaterais por parte dos EUA quando 
      consideram que um determinado país prejudicou o comércio americano de 
      forma “não razoável, injustificável ou discriminatória”.
 Normas e regulamentos técnicos -  
      não estão submetidos aos organismos internacionais e penalizam alguns 
      produtos agropecuários.
 Normas sanitárias, fitossanitárias e 
      de saúde animal  - é um conjunto de normas e 
      regulamentos que na maioria dos casos, principalmente para os produtos 
      alimentares, demoram anos para que sejam apreciados pedidos de inspeção, 
      exigindo um aparato institucional e financeiro das empresas solicitantes. 
      Esse processo por si faz com que muitas vezes as empresas desistam de 
      tomar iniciativas para entrar no mercado desse país. Vários produtos 
      brasileiros sofrem restrições sanitárias nos EUA, entre os principais 
      destacam-se as frutas e vegetais, as carnes. É proibida a exportação de 
      carne bovina in natura, mesmo que os acordos internacionais considerem 
      satisfatória a qualidade da carne brasileira. Produtos enlatados são 
      fiscalizados na planta industrial.
 Regras de etiquetagem  
      - os americanos também possuem uma legislação bastante rigorosa no que diz 
      respeito ao tipo de informação contido nos rótulos e embalagens de seus 
      produtos importados. Os produtos alimentícios e agrícolas, especialmente, 
      quando importados, sofrem uma série de exigências com relação ao conteúdo 
      dos rótulos e o tipo de informação sobre os produtos. Esse tipo de regra é 
      estabelecido nos três níveis de organização do Estado Americano: nacional, 
      estadual e municipal. Isso significa que o produto pode estar dentro das 
      especificações nacionais, mas não podendo ser exportado para determinados 
      estados ou cidades, por conta das exigências adicionais locais. A 
      complexidade e a falta de transparência das normas leva a barreiras 
      comerciais difíceis de serem superadas.
  4.1.2 Políticas de apoio interno e 
      exportaçõesOs EUA contam também com um 
      verdadeiro arsenal de medidas de apoio interno a produção. Os principais 
      instrumentos da política agrícola nos EUA são os pagamentos diretos e os 
      créditos à exportação, mas os norte-americanos se utilizam também de 
      vários outros instrumentos, como a sustentação de preços. Em 2000 os 
      americanos gastaram perto de US$ 90 bilhões de reais com esse tipo de 
      política. Nem todos os instrumentos de política agrícola utilizados pelos 
      americanos são objeto de regulamentação multilateral. Os créditos e 
      seguros à exportação, embora reconhecidamente capazes de provocar 
      distorções no comércio, ainda não foram objeto de maior regulamentação 
      multilateral.10
 4.1.3 Empresas multinacionais
 Mais do que em qualquer outro país 
      do mundo, as empresas multinacionais americanas têm um peso importante nas 
      negociações comerciais, assim como no próprio comércio. Existem empresas 
      de diferentes setores. Estão presentes em vários países da região empresas 
      americanas de diferentes ramos, como o da alimentação, de bebidas, fumo, 
      por um lado, as biotecnológicas, de máquinas e equipamentos, insumos, 
      etc., por outro. Existem ainda empresas que têm estratégias de expansão 
      voltadas para a inserção nas economias da região, atuando mais voltadas 
      para o mercado interno desses países, buscando também a obtenção de 
      sinergia entre suas diferentes posições na região. Existem aquelas que 
      trabalham “maquilando” produtos em outros países, mas utilizando insumos 
      em sua maioria próprios. Existem ainda as empresas que exportam desde os 
      EUA.
 Em agricultura, a máquina comercial 
      americana atua em várias frentes. Há forte pressão das empresas do setor 
      de máquinas, equipamentos e insumos, para a abertura de novos mercados 
      para suas empresas. Tem forte presença o setor de biotecnologias, tentando 
      impor regulamentos nacionais que não levantem barreiras a esse tipo de 
      tecnologia. Esse tipo de interesse é defendido intensamente nos grupos que 
      discutem propriedade intelectual e patentes. Merece mansão ainda o 
      capítulo de investimentos, que tem atenção especial das empresas de todos 
      os setores citados e que buscam constituir ambientes de menor risco e 
      menor concorrência possível no espaço das Américas.
 Essas empresas muitas vezes 
      confundem-se com o próprio interesse de Estado americano, sendo muito 
      importante acompanhar seus movimentos e posicionamentos.
  4.2 CanadáO Canadá também é conhecido por seu 
      arsenal de medidas de proteção ao comércio local, especialmente o de 
      alimentos e produtos agrícolas. Mas, diferentemente dos EUA, suas 
      políticas de apoio interno não se encaixam dentro das que distorcem o 
      comércio em proporções semelhantes como as dos seus vizinhos americanos. O 
      Canadá também tem passado por processo de concentração na agricultura, com 
      redução do número de estabelecimentos e os demais efeitos de políticas 
      voltadas para a elevação da produção com base no crescimento da 
      produtividade. Seu setor agroindustrial passou por um processo de 
      internacionalização no qual apenas um grupo de grandes empresas manteve 
      sua participação no mercado.
 Em termos de alimentos e produtos 
      agrícolas, o Brasil ainda não é um grande exportador nem importador do 
      Canadá. A presença canadense no Brasil se dá principalmente através de 
      suas multinacionais, que atuam em vários setores da economia, inclusive no 
      de agricultura e alimentação. O Canadá é um grande exportador de grãos, 
      principalmente trigo e produtos de origem animal, como o leite e derivados. 
      Seus principais mercados são os EUA (principal comprador), Europa, Oceania 
      e Ásia.
 A agricultura no PIB canadense 
      significa 3%, segundo dados da OMC, de um PIB de US$ 600 bilhões em 98.
  4.2.1 Principais instrumentos de 
      política comercial no CanadáTarifas - 
       as tarifas canadenses são em média mais altas para os 
      produtos do reino animal e vegetal. As tarifas para o setor de alimentos, 
      bebidas e fumo podem variar entre 20% e 293%, dependendo do produto. 
      Produtos do reino animal possuem tarifas que variam de 57% a 341%. Existem 
      picos tarifários que chegam aos 315% para o leite e creme de leite, 252% 
      para as carnes, 325% para manteiga, entre outros.
 Cotas tarifárias  
      - vários produtos agropecuários, como carnes, laticínios, ovos, produtos 
      alimentícios e bebidas das mais diversas contam com esse tipo de 
      instrumento.
 Progressividade tarifária  
      - esse tipo de instrumento serve para que as tarifas aumentem conforme o 
      grau de elaboração dos produtos, sendo utilizado para inibir a importação 
      de produtos de maior valor agregado. Os produtos elaborados por vezes têm 
      tarifas duas vezes maiores que as suas respectivas matérias-primas. Os 
      alimentos e couros estão entre os produtos que sofrem esse tipo de prática 
      comercial. O Brasil é um país crítico as políticas de escalada tarifária, 
      que impedem que suas exportações de produtos industrializados ganhem maior 
      espaço no mercado internacional.
 Tarifas específicas -  
      o Canadá também utiliza esse mecanismo para produtos de origem vegetal.
 Tarifas sazonais 
      - o país utiliza para frutas, vegetais e flores, sendo permitida a 
      aplicação de tarifas sazonais por no máximo 46 semanas.
 Sistema de preferências tarifárias
       - o Canadá tem sistemas de preferências 
      tarifárias estabelecidos bilateralmente ou regionalmente. São mais 
      significativos os acordos decorrentes do NAFTA e com países menos 
      desenvolvidos. Chile, Nova Zelândia, Austrália e países do Caribe são 
      alguns exemplos de países que possuem políticas de preferência tarifária.
 Licença de importação 
      - os canadenses tem especial rigor a respeito das licenças de importação, 
      principalmente para produtos alimentícios.
 Requisitos de conteúdo local 
      - os canadenses também se utilizam de regulamentos que exigem que as 
      empresas locais utilizem proporções mínimas de matéria-prima local, como 
      forma de garantir mercado aos seus produtores.
 Regulamentos Sanitários e 
      Fitossanitários  - regulamento, assim como o 
      americano, bastante rigoroso, proibindo a importação de frutas e vegetais 
      a granel; proíbe a importação de carne bovina, suína e de frango em natura 
      do Brasil, sob alegação de contaminação com aftosa, apesar dos organismos 
      internacionais reconhecidos pela OMC recomendarem a carne brasileira.
 Investimentos 
      - os investimentos de empresas estrangeiras em território canadense também 
      sofrem rigorosa análise de uma agência procurando verificar se os projetos 
      estão de acordo com a estratégia de planejamento do governo para o setor.
  4.3 ChileO Chile é um dos países com economia 
      agrícola ativa e exportações significativas. A média tarifária do país é 
      bastante baixa para os padrões latino-americanos, situando-se em torno de 
      11%. Esse, inclusive, é um dos entraves para uma maior integração do país 
      ao Mercosul, que trabalha com uma média tarifária mais elevada para sua 
      Tarifa Externa Comum. A participação da agricultura no PIB chileno é de 
      8%.
 Os setores mais protegidos da 
      agricultura chilena são o açúcar, óleos vegetais e produtos lácteos. Em 
      termos de exportações o Chile comercializa com o Brasil vários produtos 
      agrícolas, especialmente vinhos e frutas.
  4.3.1 Principais instrumentos de 
      proteção internaTarifas variáveis -  
      normalmente estabelecida através de bandas de preços para produtos 
      agrícolas, com o objetivo de estabilizar os preços no mercado interno 
      contra as oscilações mais bruscas ocorridas no mercado internacional.
 Preferências tarifárias  
      - o Chile tem um acordo de preferências tarifárias com o Mercosul, por 
      conta de sua entrada como sócio do bloco. Um dos produtos brasileiros 
      beneficiados com o regime de preferências chileno é o café.
  4.4 MéxicoO México é um dos maiores 
      importadores de produtos agrícolas das Américas, ao mesmo tempo em que 
      ainda possui uma economia agrícola interna importante. A agricultura 
      mexicana foi uma das mais afetadas pelo NAFTA, perdendo espaço no mercado 
      internacional, mas principalmente perdendo espaço no seu próprio mercado 
      interno. O caso do milho mexicano é emblemático. Produto dos mais 
      importantes da agricultura do país, com forte carga cultural entre os 
      agricultores, o milho teve sua produção interna substituída em grande 
      medida pela produção norte americana. A participação da agricultura no PIB 
      mexicano é de 5%, para um PIB total de 600 bilhões em 98.
  4.4.1 Principais instrumentos de 
      proteção internaAs tarifas mexicanas são 
      relativamente baixas, mas para certos produtos agrícolas elas são mais 
      elevadas. Destacam-se com tarifas de importação elevadas o fumo (45%), 
      cigarros (67%), produtos do reino animal (33 a 260%), produtos da 
      indústria alimentar e bebidas ( (19 a 141%).
 Tarifas específicas  
      - entre os produtos de exportação brasileira que sofrem esse tipo de 
      tarifa estão o açúcar e o cacau.
 Tarifas compostas 
       - são formadas por uma tarifa convencional acrescida de 
      uma tarifa específica, que podem levar a uma tarificação de mais de 120% 
      para alguns produtos, principalmente os agrícolas.
 Tarifas sazonais 
       - o México também dispõe desse instrumento, 
      principalmente para a soja, sorgo.
 Valoração aduaneira  
      - o país se utiliza desse instrumento quando os preços no mercado 
      internacional estão abaixo dos preços de referência, consolidados na OMC. 
      Nesse sentido, as tarifas são elevadas até o ponto de compensar os preços 
      do mercado interno em relação aos preços de referência.
 Quotas tarifárias 
       - existem quotas para vários produtos agrícolas, entre 
      eles o frango, peru, queijo, feijão, trigo, cevada, milho, leite em pó, 
      cacau, café, entre outros. Algumas quotas chegam a ser leiloadas. Os EUA 
      são os principais beneficiários das cotas mexicanas. Embora o instrumento 
      não seja frequentemente utilizado, é prática mexicana negociar as 
      importações extra-cota sempre que julga necessário.
 Anti-dumping e medidas 
      compensatórias  - é um do países mais ativos 
      nesse tipo de política, tendo, inclusive, acionado o Brasil várias vezes.
 Medidas Sanitárias e Fitossanitárias  
      - por estar integrado ao NAFTA, onde o rigor e a burocracia são grandes 
      para essas questões, o México também pratica discriminação em relação a 
      produtos brasileiros, como as carnes.
  4.5 BrasilO setor agroalimentar brasileiro 
      emprega diretamente perto de 17 milhões de trabalhadores na agricultura e 
      quase 750 mil no setor industrial.11  Isso significa que a cada quatro 
      trabalhadores ocupados um é desse setor. Não estão incluídos na soma o 
      número de trabalhadores no setor de serviços e que trabalham com 
      alimentação.
 
  Segundo os dados do Censo 
      Agropecuário do IBGE - 95/96, apenas o número de estabelecimentos pode ser 
      calculado para cada produto, não sendo possível estabelecer o número de 
      pessoas ocupadas. De qualquer forma, a informação sobre o número de 
      estabelecimentos que se dedicam a cada uma das principais culturas do país 
      da uma idéia da importância de cada uma delas para o nível de emprego.12A cultura com o maior número de 
      estabelecimentos é a de aves e ovos, com mais de 2,9 milhões. Milho é a 
      segunda cultura, com 2,5 milhões de estabelecimentos. São muito 
      importantes ainda o feijão (2,0 milhões), o leite (1,8 milhão), gado de 
      corte e suínos (cada um com 1,4 milhão) e o arroz (0,9 milhão). São 
      produtos importantes na balança comercial agrícola a soja, que é produzida 
      em 242 mil estabelecimentos, a cana de açúcar (377 mil) e o trigo, com 
      apenas 60 mil estabelecimentos dedicados a essa cultura.
 No setor agroindustrial destaca-se o 
      beneficiamento de produtos vegetais, onde estão empregados mais de 290 mil 
      trabalhadores. O segmento de abate e preparação de carnes emprega perto de 
      230 mil pessoas. A indústria do açúcar emprega perto de 77 mil 
      trabalhadores e a de laticínios 55 mil.
 
  O PIB agrícola brasileiro é de 8% em 
      relação aos US$ 780 bilhões que formavam o PIB total brasileiro em 98. 
      Contudo, esse valor corresponde apenas à agricultura, não incluindo dados 
      do setor agroindustrial e de serviços relacionados à alimentação. Estudos 
      apontam que todo o setor agroindustrial deve superar os 1/3 do PIB total 
      do país.A balança comercial da agricultura e 
      agroindústria brasileira teve saldo positivo de US$ 13 bilhões em 2000, 
      segundo dados da SECEX/MDIC. Foram exportados quase US$ 20 bilhões e 
      importados perto de US$ 7 bilhões. Compõem esse desempenho setores 
      agrícolas, agroindustriais e outras indústrias, como a de madeira, papel e 
      celulose, couros e peles e calçados. Os setores com maior superávit são: 
      soja, café, calçados, madeira, celulose, carnes, além de açúcar, sucos, 
      fumo e tabaco. Os setores com maior déficit são: cereais, adubos e 
      fertilizantes, leite e derivados, indústria de moagem e hortaliças.
        
         
         
        4.5.1 Principais instrumentos de proteção interna  Regime tarifárioO Brasil, por estar associado ao Mercosul, tem tarifas externas definidas 
      pelo bloco econômico, expressas pela TEC (Tarifa Externa Comum)13.  
      A atual média tarifária do bloco é de 20%, mas cada país tem direito de 
      listar 100 produtos que estariam em um regime de exceção a TEC. As tarifas 
      brasileiras para produtos agrícolas são relativamente baixas e com 
      diferenças menores entre os produtos do que as praticadas por outros 
      países. A menor tarifa é de 0%, sendo a maior de 27% segundo dados 
      apresentados pela CONAB14.
 O Brasil tem consolidado na OMC 
      níveis tarifários bastante superiores aos utilizados na prática, embora 
      continue utilizando alguns instrumentos comuns no comércio internacional.
  Progressividade tarifária O Brasil também utiliza o 
      instrumento de elevar o nível tarifário conforme o grau de elaboração dos 
      produtos. Os produtos com maior nível de processamento têm tarifas de 
      importação maiores. A média tarifária geral do bloco é de 20%, mas entre 
      os produtos agrícolas e agroindustriais essa média é menor. A tarifas em 
      geral estão situadas na faixa de 8 a 14%, mas podem as maiores estão 
      próximas dos 30%, significando variações muito inferiores as verificadas 
      em seus concorrentes do norte.
 Existem alguns grupos de produtos 
      que contam com tarifas um pouco mais elevadas. Um desses grupos é o 
      denominado por produtos e derivados de fibra natural, onde está situada a 
      cadeia têxtil do algodão. As tarifas variam de 0% para o fio até 20,5% 
      para o tecido. O setor de laticínios também conta com proteção e um dos 
      poucos em que a matéria-prima tem maior proteção que os produtos 
      processados. O leite em pó tem tarifa de 27%, enquanto que alguns 
      derivados entram com tarifas de 18,5%. O grupo de fumo e derivados também 
      conta com tarifas acima da média dos demais produtos agrícolas. Cigarros, 
      cigarrilhas e charutos contam com tarifas de 22,5% e a matéria-prima tem 
      tarifas de 16,5%.
  Licença de importação Esse tipo de mecanismo é utilizado, 
      entre outros motivos, para a importação de produtos agrícolas e 
      alimentares. Nem sempre seus objetivos tem sido o de defesa sanitária, 
      sendo objeto de várias queixas, inclusive dentro do Mercosul.
  Medidas sanitáriasAs medidas sanitárias e 
      fitossanitárias brasileiras relativas às importações não são rigorosas 
      como as adotadas por seus parceiros comerciais mais ricos. As disciplinas 
      são mais frouxas principalmente para produtos processados, com matéria-prima 
      importada. Os instrumentos de fiscalização não estão atualizados para 
      atuar com uma variedade tão grande de produtos importados. A própria 
      legislação nesse sentido não está devidamente atualizada. Não é uma 
      característica da atuação governamental a defesa dos interesses dos 
      consumidores nas negociações internacionais.
  Políticas de apoio internoO Brasil tem atuado de forma mais 
      ativa na defesa de setores econômicos com maior poder de pressão. Painéis, 
      medidas compensatórias, elevação de tarifas de produtos sensíveis, 
      restrições não comerciais, créditos a exportação, entre outras também são 
      utilizadas pelo governo brasileiro.
 O Brasil historicamente tem 
      subsidiado os investimentos e créditos em geral para segmentos da 
      agricultura. Atualmente contam com subsídios diretos do Tesouro perto R$ 
      18 bilhões, disponibilizados para a safra 2001/0215.  Esses recursos são enquadrados dentro do conceito da Caixa Verde da OMC, 
      não sendo considerados deformadores do comércio e, por tanto, não sujeitos 
      a compromissos de redução de gastos.
  Políticas de sustentação de preçosO Brasil aplica volumes cada vez 
      mais insignificantes na sustentação de preços no mercado. A Política de 
      Garantia de Preços Mínimos e estoques reguladores está praticamente 
      desativada, substituídas por outros instrumentos de interferência nas 
      grandes negociações, como leilões e prêmios.
 Os gastos com pesquisa, infra-estrutura, 
      pagamentos diretos, desenvolvimento, etc. existem no país a muito tempo. 
      Nas últimas décadas esse tipo de política tem sido orientada pelo modelo 
      de agricultura conhecido como revolução verde. De forma ainda embrionária, 
      algumas políticas começam a ser desenvolvidas para a agricultura familiar, 
      como o Pronaf. Essas políticas, segundo o governo, não estariam em 
      negociação.
 
 5) As negociações sobre agricultura 
      na ALCA
  5.1 Principais Atores e interessesAs negociações sobre agricultura na 
      ALCA são as mais visíveis aos olhos da opinião pública, principalmente no 
      Brasil. O governo e a mídia têm dado especial atenção ao tema, 
      prevalecendo uma visão de que a postura brasileira é bastante crítica nas 
      negociações. Em certas declarações governamentais, avanços em agricultura 
      são considerações pré-condição para a assinatura do acordo. No campo das 
      negociações agrícolas da ALCA, três grupos destacam-se: os EUA, juntamente 
      com o Canadá; os países do Mercosul e da Comunidade Andina; os países de 
      economias menores, na medida em que representam uma grande quantidade de 
      países dentro de um sistema de negociações que decide pelo consenso.
 Nesta análise serão destacados os 
      interesses e posicionamentos dos dois principais negociadores em 
      agricultura, os EUA e Brasil.
 
 5.1.1 EUA
 Os temas de maior interesse dos 
      americanos não estão entre os temas sob responsabilidade do grupo de 
      negociações sobre agricultura. Ao contrário, o grupo de agricultura tende 
      a tocar em assuntos que os americanos não gostariam de tratar na ALCA e às 
      vezes nem na OMC.
 Os temas de maior interesse 
      americano são os investimentos, serviços, propriedade intelectual e 
      comércio eletrônico.
 Com relação aos temas sob 
      responsabilidade do grupo de agricultura especificamente, os interesses 
      americanos estão direcionados a abertura de novos mercados para seus 
      produtos através da redução de tarifas no continente, especialmente na 
      América Latina, onde elas são, em média, mais elevadas.
 Biotecnologia, outro tema 
      relacionado diretamente a agricultura, é tratado com mais especificidade 
      no grupo de negociações sobre propriedade intelectual. O grupo de 
      agricultura poderia atuar sobre o tema da biotecnologia através das 
      discussões sobre questões sanitárias e fitossanitárias, como têm feito os 
      europeus, mas esse tipo de resistência não tem sido muito observado no 
      posicionamento oficial dos países da região. A princípio existem poucas 
      resistências a liberalização do comércio desse tipo de mercadoria na ALCA.
 Entre os temas sensíveis para os 
      americanos destacam-se: ajuda interna, créditos à exportação, medidas 
      anti-dumping, ajuda alimentar, cotas tarifárias, restrições sanitárias e 
      fitossanitárias.
 Com relação às críticas recebidas 
      pelos americanos sobre as políticas de ajuda interna geradoras de 
      distorção pela OMC, a resposta é que as negociações devem ocorrer na OMC, 
      onde os países que praticam com maior intensidade essas políticas, 
      especialmente os da União Européia e Japão, podem se comprometer com algum 
      tipo adicional de disciplina. Para os americanos tratar isso apenas no 
      âmbito da ALCA significaria deixar os europeus agirem sozinhos no comércio 
      internacional. Ou seja, há um condicionamento proposto pelos americanos de 
      que só aceitariam discutir a eliminação ou redução dos gastos com 
      políticas de apoio interno no espaço da OMC.
 Com relação às políticas de créditos 
      e seguros a exportação à situação é a mesma. Os EUA acusam os europeus de 
      subsidiarem suas exportações e afirmar que os seus instrumentos seriam uma 
      forma de sobrevivência no mercado internacional, também não podendo 
      assumir compromissos de eliminação ou redução do uso desses instrumentos 
      no âmbito da ALCA.
 Já as políticas de ajuda alimentar, 
      que são utilizadas pelos americanos como instrumento de promoção do 
      escoamento da produção agrícola não existe um posicionamento muito claro 
      de até que ponto os americanos aceitarão tratar desse assunto na ALCA.
 A política de quotas deve ser 
      defendida na ALCA pelos americanos, que aceitariam no máximo algumas 
      concessões pontuais sobre o tema, não permitindo o avanço da idéia da 
      eliminação progressiva do regime de quotas.
 Para os EUA, como visto acima, 
      interessa discutir tarifas. A América Latina é um espaço de tarifas médias 
      mais elevadas que outras regiões, o que tem impedido de certa forma a 
      expansão do comércio americano na região. Discutir tarifas também é 
      bastante conveniente para este país na medida em que as suas tarifas não 
      são altas, sendo utilizados outros mecanismos não tarifários, como visto 
      anteriormente.
 Com relação às medidas sanitárias e 
      fitossanitárias, a tendência é não ocorrer grandes divergências entre os 
      países, prevalecendo a diversidade de situações no interior do bloco. Os 
      sistemas complexos, burocráticos e protecionistas dos americanos devem 
      continuar existindo. Sobre isso há uma problemática pouco explorada nas 
      negociações. Muitas vezes, as medidas sanitárias são utilizadas como 
      instrumento para a imposição de determinados processos produtivos e 
      padrões tecnológicos. Isso ocorre tanto no comércio entre as nações, como 
      também internamente aos países. No Brasil essa questão é bastante visível 
      na discussão da regulamentação da produção de leite16.  Isso significa que 
      essa discussão no âmbito da ALCA pode tomar uma dimensão maior na medida 
      em que novas exigências podem ser impostas sob a desculpa da exportação 
      para esses países. A adequação ao modelo sanitário americano pode 
      significar a exclusão de processos e padrões tecnológicos incompatíveis 
      com as suas exigências. Ou seja, o Brasil corre o risco de ter que 
      internalizar muitas das exigências estabelecidas por outros países com os 
      quais comercializamos.
 Em conclusão pode-se dizer que os 
      americanos vão enfrentar dificuldades para fechar o acordo agrícola na 
      ALCA e por consequência o próprio acordo, dado que não serão consideradas 
      encerradas as negociações enquanto todos os grupos não encerrarem seus 
      trabalhos.
 Outra dificuldade do governo 
      americano é a não obtenção do novo fast track, onde o Congresso 
      continua mantendo seu poder de veto e alteração das negociações acertadas 
      pelo executivo. Sem este mecanismo, o governo americano não pode dar 
      garantias de que os acordos aprovados serão ratificados pelo Congresso do 
      país.
  5.1.2 BrasilA participação do Brasil nas 
      negociações da ALCA tem sido marcada pela prioridade nas negociações 
      agrícolas. Não têm sido divulgados, nem trabalhados na opinião pública os 
      objetivos do Brasil nos demais temas em negociação. Isso é bastante ruim 
      na medida em que os demais acordos, principalmente os de investimento, 
      serviços e propriedade intelectual também tem grande importância para a 
      economia brasileira. O governo brasileiro, inclusive, constantemente emite 
      sinais de que sua moeda de troca é de fato a agricultura e que se não 
      forem feitas concessões importantes nesse tema, os demais não serão 
      negociados. O inverso da frase é o mais perigoso porque significa que ao 
      fazerem concessões em agricultura o Brasil faria nos demais temas.
 Setores da indústria apresentam-se 
      muito resistentes em aderir a ALCA na forma como está. Outros setores, que 
      visualizam possibilidades e oportunidades manifestam-se em favor do acordo, 
      com ajustes.
 Em relação à agricultura, as 
      posições governamentais concentram-se basicamente em quatro grandes 
      conjuntos de questões: i) acesso a mercados; ii) subsídios, créditos e 
      seguros à exportação; iii) medidas antidumping e salvaguardas especiais; 
      iv) políticas de ajuda interna que distorcem o comércio.
 No primeiro tópico, os interesses 
      dos negociadores brasileiros estão direcionados para a redução e/ou 
      eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias, principalmente as 
      encontradas no mercado americano. Nesse sentido criticam as políticas de 
      quotas tarifárias, a escalada tarifária e as medidas sanitárias que servem 
      de instrumento de proteção.
 Com relação ao item dois, o 
      principal foco da atuação brasileira é definir o que são os créditos e 
      seguros à exportação e um cronograma de eliminação do mecanismo. O governo 
      americano pretende discutir essas questões no âmbito da OMC. Já no item 
      três, o governo brasileiro quer critérios mais específicos para a 
      utilização dos mecanismos de anti-dumping, para que ele não seja utilizado 
      de forma arbitrária ou para fins de defesa comercial pelos países do bloco. 
      No item quatro a preocupação é estabelecer novos critérios para julgamento 
      do que seriam políticas que distorcem o comércio ou não. O governo 
      brasileiro tem proposto que sejam assumidos compromissos nessa área, mas 
      os americanos também jogam para a OMC a solução do problema.
 São temas sensíveis para o governo 
      brasileiro, entre outros, a vinculação de questões ambientais e 
      trabalhistas relacionadas ao comércio, a redução de tarifas sem 
      contrapartidas concretas de acesso a mercados nos principais países da 
      região.
  6) As negociações na ALCA  6.1 Estrutura das negociaçõesAs negociações sobre agricultura 
      estão dentro da lógica geral de tomada de decisões e condução das 
      negociações do acordo. A estrutura tem no seu topo a Reunião Ministerial, 
      onde são ratificadas as decisões finais sobre as negociações. Representam 
      os países nessas reuniões os ministros responsáveis pelo comércio. Abaixo 
      da cúpula ministerial está o CNC (Comitê de Negociações Comerciais), 
      responsável por coordenar e dar coerência aos acordos negociados nos 
      Grupos de Negociações. Esses grupos, por sua vez, fazem de fato as 
      negociações e o acerto preliminar de consensos. Existem ainda os grupos 
      consultivos: Grupo Consultivo sobre Economias Menores, Comitê Conjunto 
      sobre Comércio Eletrônico, Comitê de Representantes Governamentais para a 
      Sociedade Civil.
 
        6.2 As Reuniões MinisteriaisAntes de trabalhar com mais detalhes 
      as negociações do GNAG (Grupo de Negociações sobre Agricultura), é 
      importante analisar a evolução do tema agricultura nos documentos das 
      instâncias superiores. Serão analisados os documentos das cúpulas 
      presidenciais e dos ministros de comércio.
 Nesses encontros são emitidas 
      declarações oficiais, cartas de princípios e planos de ação.
 Nas primeiras declarações oficiais, 
      tanto dos Chefes de Estado, quanto dos ministros, as discussões em torno 
      da agricultura e do desenvolvimento rural praticamente não eram citadas. 
      Em 1994, nos documentos da Cúpula de Miami, encontra-se alguma referência 
      a agricultura e ao rural apenas no Plano de Ação, no sentido de expressar 
      um dos objetivos gerais da ALCA, que é maximizar a abertura em agricultura.
 A declaração ministerial de 1996 
      propõe a criação de um banco de dados sobre agricultura e a identificação 
      de outras medidas que distorcem o comércio, além dos subsídios, 
      anti-dumping e direitos compensatórios. O banco de dados ainda não está 
      disponível, publicamente ao menos. Com relação ao meio rural essa 
      declaração não faz nenhuma referência.
 Em 1997, o tema não é citado na 
      declaração ministerial. Somente em 1998, quando oficialmente foi criado o 
      Grupo de Negociações sobre Agricultura (GNAG) é que aprofunda-se um pouco 
      mais sobre o tema. A cúpula ministerial estabeleceu a primeira presidência 
      das negociações agrícolas (Argentina), as relações entre agricultura e 
      acesso a mercados e os objetivos do Grupo de Negociações sobre Agricultura, 
      o que será visto com mais detalhes adiante.
 Em 1999, os ministros cobram 
      providências sobre a interação entre os temas agricultura e acesso a 
      mercados, estabelecem algumas referências para atuação conjunta na OMC, 
      principalmente sobre os temas relacionados à ajuda interna e subsídios a 
      exportação, além de firmar posição em favor do cumprimento do acordo 
      agrícola do GATT. Outros temas que distorcem o comércio e que ainda não 
      estão em negociações na OMC também foram levados para este fórum a partir 
      da ALCA. Nesta reunião definiu-se o Brasil como presidência do Grupo de 
      Negociações sobre Agricultura da ALCA.
 A Cúpula das Américas e a reunião 
      ministerial de 2001 foram as que mais avançaram na temática agricultura e 
      desenvolvimento rural. Até então, apenas algumas referências eram feitas 
      ao tema. A declaração conjunta dos Chefes de Estado vincula a melhoria da 
      agricultura e da vida rural como pré-requisito fundamental para a redução 
      da pobreza na região. O Plano de Ação, aprovado pelos Chefes de Estado vai 
      mais longe, incorporando vários conceitos e reivindicações antes presentes 
      apenas nos documentos das organizações da sociedade civil. Os capítulos 9º 
      “Bases Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável” e 10º “Gestão 
      Agrícola e Desenvolvimento Rural” abordam a temática. A seguir as 
      principais definições desses dois capítulos:
 No Capítulo 9 são estabelecidos 
      princípios para uma boa gestão ambiental dos recursos naturais, propondo a 
      observância dos acordos multilaterais sobre o assunto, como os relativos a 
      Agenda 21. Existem diferenças de posicionamento entre os países sobre essa 
      questão, já que os EUA não assinaram alguns dos mais importantes acordos 
      nessa área. Há referências também em relação à produção limpa, a 
      preservação de plantas e animais, além de defender uma gestão sustentável 
      das florestas do continente.
 No Capítulo 10 o Plano de Ação 
      reconhece a agricultura como meio de vida de milhões de habitantes e setor 
      estratégico para a geração da prosperidade sócio-econômica do continente. 
      Pela primeira vez são expressas preocupações com o desenvolvimento do meio 
      rural, propondo a articulação dos órgãos de Estado e sociedade civil para 
      construção de políticas visando o desenvolvimento sustentável da 
      agricultura e do meio rural no médio e longo prazo.
 Há também uma preocupação com o 
      fortalecimento e a construção de políticas que preservem e estimulem as 
      pequenas empresas rurais, devendo-se promover, inclusive, um ambiente 
      favorável a esse tipo de empreendimento por parte dos governos.
 O documento também prega o estímulo 
      ao desenvolvimento de mercados para produtos obtidos através do uso 
      sustentável dos recursos naturais.
 A Declaração Ministerial de abril de 
      2001 também avança na temática e estabelece prazos para definições mais 
      objetivas a respeito das negociações agrícolas. Contudo, essas definições 
      são relativas apenas a temas comerciais. Entre as principais definições da 
      cúpula ministerial de 2001 estão:
 Acesso a Mercados
 
        
 Liberalização e proteção ambiental devem caminhar 
      juntas;
        
O Comitê de Negociações Comercias, juntamente como o 
      Grupo de Agricultura devem propor recomendações sobre métodos e 
      modalidades para a negociação tarifária até 1º de abril de 2002 e iniciar 
      negociações até 15 de maio do mesmo ano;
        
 Acelerar identificação das medidas não tarifárias até 
      1º de abril de 2002;
        
A constituição de um bando de dados sobre agricultura 
      até novembro de 2001;
        
 A definição 
      de um regime de salvaguardas até abril de 2002;
           Agricultura 
        
        
Até 1º de abril de 2002 propor métodos e modalidades 
      de negociação tarifária;
        
  Até 1º de abril de 2002 apresentar metodologia e 
      alcance para eliminação dos subsídios à exportação;
        
Até 1º de abril de 2002 recomendações sobre métodos 
      para disciplinas para o tratamento de todas as práticas que distorçam o 
      comércio, incluindo aquelas com efeito equivalente aos subsídios à 
      exportação;
        
  Até 1º de abril de 2002 identificar medidas não 
      tarifárias, organizar um inventário para elas e apontar cronograma e 
      metodologia para tratamento dessas questões;
        
Até 1º de abril de 2002 notificar e contranotificar 
      as medidas sanitárias e fitossanitárias, recomendando tratamento para 
      evitar que esse tipo de política seja adotado como barreira comercial;
        
Até 1º de 
      abril de 2002 para subsídios, antidumping e direitos compensatórios, se 
      for o caso, deve-se propor aprofundamento de possíveis medidas para 
      acordos além do que já está estabelecido na OMC.
          6.3 O Grupo de Negociações sobre 
      Agricultura (GNAG)  O Grupo de Negociações sobre 
      Agricultura na ALCA foi constituído em 1998 e desde então já passou por 
      três presidências: Argentina, Brasil e Guatemala. Atualmente é presidido pela 
      Guatemala, sendo a Vice-Presidência do Uruguai. Desde sua criação já foram 
      realizadas 14 reuniões do grupo, sendo a última nos dias 15 a 19 de 
      outubro de 2001. Ainda no mês de dezembro deve ocorrer a próxima reunião 
      do grupo.
 As diretrizes do CNC para o Grupo 
      Negociador sobre Agricultura (GNAG) acolheram, na sua totalidade, a 
      proposta do Mercosul calcada, por sua vez, nos aportes do Brasil e da 
      Argentina.
 O programa de trabalho acordado 
      cobre as áreas-chave para o comércio agrícola, a saber:
 
        
   Acesso a mercados (tarifas e medidas não tarifárias);
        
 Subsídios às exportações e;
        
Outras medidas que podem distorcer significativamente 
      esse comércio. 
        
O CNC 
      decidiu, ainda, concentrar no programa do GNAG, todas as tarefas 
      relacionadas com a aplicação de medidas sanitárias e não sanitárias (acordo 
      sobre SPS da OMC).
          Os países do Mercosul têm mantido 
      encontros de coordenação prévios a todas as reuniões do GNAG, além de 
      várias reuniões com outros blocos e países. Com o intuito de estabelecer um 
      campo de interação com órgãos governamentais, entidades sindicais e 
      patronais e com a sociedade em geral o governo brasileiro criou, em 
      outubro de 1996, a Seção Nacional de Coordenação dos Assuntos Relativos a 
      ALCA, SENALCA, órgão colegiado que se reúne periodicamente, com a 
      finalidade de preparar as posições brasileiras para as negociações da ALCA.
 No Brasil, além da SENALCA, que 
      discute o acordo em termos mais gerais, o governo brasileiro constituiu um 
      grupo de trabalho, uma Coordenação Nacional para o GNAG da ALCA. Nesse 
      espaço são definidas as posições que o governo brasileiro leva para o 
      Mercosul e para a ALCA. Esse grupo é coordenado por Maria Izabel Vieira do 
      MRE (Ministério das Relações Exteriores) e vem realizando reuniões 
      periódicas com representantes governamentais, de diferentes ministérios, 
      especialmente do Ministério da Agricultura, Meio Ambinete, Desenvolvimento 
      Agrário, Saúde, Indústria, Comércio e Turismo, representantes da sociedade 
      civil e do setor empresarial, como CONTAG, CNA, OCB e a Comissão de 
      Agricultura da Câmara dos Deputados.
  Entre os principais objetivos 
      estabelecidos para o GNAG estão:
      
      Objetivos  
      (Declaração Ministerial de São José):
 
        
    Os objetivos do Grupo de Negociação sobre Acesso a 
      Mercados deverão ser aplicados ao comércio de produtos agrícolas. Os temas 
      de regras de origem, procedimentos aduaneiros e barreiras técnicas ao 
      comércio serão tratados no Grupo de Negociação sobre Acesso a Mercados. 
        
  Assegurar que as medidas sanitárias e fitossanitárias 
      não sejam aplicadas de maneira a constituírem um meio de discriminação 
      arbitrária ou injustificável entre países ou uma restrição disfarçada ao 
      comércio internacional, com vistas a prevenir as práticas comerciais 
      protecionistas e facilitar o comércio no hemisfério. De modo congruente 
      com o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanittárias da OMC (Acordo 
      MSF), tais medidas serão aplicadas apenas para obter o nível adequado de 
      proteção da saúde e vida humana, animal e vegetal, estarão fundamentadas 
      em princípios científicos e não serão mantidas sem suficiente base 
      científica. As negociações nesta área abrangem a identificação e o 
      desenvolvimento de medidas necessárias para facilitar o comércio, 
      respeitando e examinando com profundidade as disposições contidas no 
      Acordo MSF da OMC. 
        
   Eliminar os subsídios às exportações agrícolas que 
      afetem o comércio no hemisfério. 
        
 Identificar, e submeter a maior disciplina, outras 
      práticas que distorçam o comércio de produtos agrícolas, inclusive aquelas 
      que tenham efeito equivalente ao dos subsídios às exportações agrícolas. 
        
 A cobertura dos produtos agrícolas será aquela 
      referida no Anexo I do Acordo sobre Agricultura da OMC. 
        
   Incorporar 
      os progressos alcançados nas negociações multilaterais sobre agricultura 
      que se realizarão em conformidade com o Artigo 20 do Acordo sobre 
      Agricultura, bem como o resultado das revisões dos Acordos MSF da OMC17.  
          Até o momento foram realizadas 14 
      reuniões do GNAG, sendo estabelecido um primeiro rascunho do acordo 
      agrícola da ALCA. O acordo ainda é um texto retalhado de colchetes, que 
      indicam diferentes redações para um mesmo artigo ou seção. Ou seja, ainda 
      não existe uma indicação mais concreta de que tipo de acordo vai ser 
      assinado e nem de sua abrangência. As principais delegações 
      negociadoras são as do Mercosul, principalmente Brasil e Argentina, e a 
      dos EUA. As divergências entre esses dois principais blocos no continente 
      se expressam nas deferentes redações que o acordo possui atualmente.
  6.4 O Acordo Agrícola da ALCAA atual versão do Acordo Agrícola da 
      ALCA conta com 22 Artigos, organizados em seis seções e sete anexos.
 A seguir tenta-se descrever 
      brevemente o que seria o índice do acordo, já que até mesmo os títulos e 
      tópicos ainda estão dentro de colchetes. Além disso, são feitos alguns 
      comentários sobre a abrangência dos principais tópicos18.
 Seção 1 - Trata das disposições 
      gerais do Acordo, contendo dois artigos em que são apresentados o alcance 
      e cobertura das negociações, a incorporação imediata dos acordos da OMC no 
      acordo regional, a prevalecência das decisões em agricultura sobre outros 
      capítulos que tratam do tema e disposições sobre as economias menores.
 Seção 2 - Trata de Acesso a Mercados, 
      contendo cinco artigos:
 
        
 Art 3 - estabelece regras para o tratamento quanto à 
      nacionalidade dos produtos, com o objetivo de dar as mesmas condições para 
      produtos nacionais e dos parceiros do bloco;
        
Art 4 - com vários sub-itens procura definir regras 
      sobre tarifas, sua redução, ou eliminação, os cronogramas e as bases para 
      a desgravação tarifária; a disciplina ou proibição de certas políticas 
      tarifárias, como a banda de preços, impostos de exportação; relação das 
      medidas com acordos bilaterais ou regionais, exceções, etc.
        
Art 5 - estabelece regras para medidas não tarifárias, 
      contendo divergências sobre que tipo de medidas serão objeto de acordos;
        
  Art 6 - estabelece indicações de atuação mais ou 
      menos conjunta na OMC e para a incorporação das decisões nesse fórum no 
      acordo da ALCA;
        
   Art 7 - 
      estabelece indicações para a disciplina relativa as políticas de 
      savaguarda especial para agricultura, contendo divergências sobre a 
      eliminação ou não dos mecanismos de salvaguardas, além de dar tratamento 
      diferenciado sobre a questão para as economias menores.
          Seção 3 - Trata de Subsídios à 
      Exportação e é um dos trechos em que aparecem as maiores divergências do 
      acordo. Contem cinco artigos relacionados a seguir: 
        
        Seção 4 - Defini outras medidas e 
      práticas que causam distorções no comércio e na produção. Contem três 
      artigos com vários trechos divergentes. Aqui novamente as posições dos 
      negociadores do Mercosul e dos EUA entram em conflito.
Art 8 - propõe identificação e definição do que é 
      subsídio à exportação. Há divergências quanto à abrangência da 
      classificação dos subsídios, onde um grupo de países propõe que seja a 
      mesma da OMC, enquanto que outros países propõem que a abrangência 
      ultrapasse as definições da OMC. Há também indicação para que não seja 
      considerado subsídio a exportação os créditos e seguros à exportação, uma 
      reivindicação nítida dos EUA, contra os interesses negociadores do 
      Mercosul
        
Art 9 - Propõe definições sobre a eliminação dos 
      subsídios à exportação, sendo que uma versão do acordo propõe que medidas 
      sejam tomadas nesse sentido ainda na ALCA, enquanto que outra prega a 
      eliminação multilateral dos mecanismos de subsídio à exportação, através 
      da OMC. Aqui as divergências são também entre americanos (NAFTA) e 
      brasileiros (Mercosul). O artigo possui uma série de sub-itens que 
      procuram estabelecer formas de reconhecimento da distorção causada pelos 
      subsídios, regras contra países extra-bloco que praticam esse tipo de 
      política, entre outras políticas como a eliminação da cláusula de paz em 
      relação aos subsídios à exportação e o tratamento diferenciado para as 
      economias menores;
        
 Art 10 - trata das importações de países extra-bloco 
      que subsidiam seus produtos na origem;
        
    Art 11 - propõe disciplinas sobre produtos 
      subsidiados por países extra-bloco e que concorrem com exportações de 
      países do bloco em terceiros mercados;
        
Art 12 - 
      estabelece definições sobre outras medidas e práticas de efeito 
      equivalente aos subsídios à exportação
         
   
        
Art 13 - trata das Medidas de Ajuda Interna, 
      reconhecendo o potencial de distorção do comércio que esse tipo de medida 
      causa. A principal divergência está na intenção de delegar para a OMC a 
      disciplina desse tipo de política. Essa intenção parte principalmente dos 
      EUA contra a vontade dos países do Mercosul, que defendem algum tipo de 
      disciplina no âmbito da ALCA. As medidas consideradas de ajuda interna 
      contam com várias definições no rascunho do acordo, sendo que a maioria 
      delas adota a metodologia dos compartimentos verde, amarelo e vermelho da 
      OMC. Existem propostas que apontam para novas definições, inclusive, do 
      que seria considerado caixa verde, ou seja, quais as políticas que 
      estariam livres de compromissos de redução. O acordo, sem consenso, 
      estabelece quais políticas seriam consideradas permitidas, ou legítimas;
        
Art 14 - estabelece normas para os impostos a 
      exportação, incluindo aspectos como a redução das diferenças entre 
      produtos primários e processados, entre outras medidas;
        
Art 15 - 
      Trata de disciplinas para empresas estatais de comércio, propondo a 
      eliminação dos direitos de exclusividade de exportação e o repasse de 
      recursos públicos, empréstimos ou garantias por parte do Estado para essas 
      empresas. Ou seja, procura impedir privilégios em termos de facilidades de 
      concorrência por parte de empresas estatais.
          Seção 5 - Medidas Sanitárias e 
      Fitossanitárias - também capítulo dos mais polêmicos, procura estabelecer 
      disciplinas que impeçam a utilização de mecanismos de defesa comercial 
      travestidos de medidas sanitárias ou fitossanitárias. Esta Seção contem 
      cinco artigos, com uma infinidade de sub-itens que a transformam na maior 
      de todas a seções do acordo agrícola da ALCA. Aqui também surgem várias 
      divergências entre os principais atores. Há uma nítida preocupação por 
      parte dos países do Mercosul contra as políticas extremamente rigorosas 
      adotadas pelos países do Norte, especialmente pelos americanos.
      
       
    
        
    Art 16 - este artigo tem dois títulos, em que um 
      deles avança no escopo do acordo, propondo que sejam estabelecidas as 
      disposições gerais, direitos e obrigações das partes, enquanto que a outra 
      redação propõe apenas definições. O artigo procura estabelecer bases 
      mínimas que devem ser respeitadas, partindo das definições acordadas na 
      OMC, mas propõe também a adoção de critérios de outras instituições 
      internacionais ou regionais. O grande desafio do artigo para os países do 
      Mercosul é facilitar o comércio, enquanto que das nações do Norte o 
      desafio é permitir a continuidade de seus sistemas de inspeção rigorosos 
      das importações de origem animal e vegetal. 
        
   Art 17 - procura definir regras para a implementação 
      no âmbito da ALCA dos acordos acertados na OMC sobre o assunto e procura 
      definir regras para o estabelecimento de equivalências entre as diferentes 
      regras das partes e transparência das regras internas de cada país; 
        
 Art 18 - trata de assistência técnica e cooperação 
      relativas ao estabelecimento de regras mais harmônicas para medidas 
      sanitárias e fitossanitárias, controles de pragas, aparato institucional e 
      infraestrutura operacional e técnica, além de outras definições.  
        
    Art 19 - o artigo tem dois títulos, sendo um o 
      estabelecimento de regras para consultas e outro o estabelecimento de 
      disciplinas para a solução de controvérsias; 
        
   Art 20 - 
      estabelece o aparato institucional responsável pelo tema e o foro em que 
      serão discutidas as divergências entre as partes, além de acompanhar e 
      implementação do acordo e propor adequações; 
          7) ConclusõesO Brasil é um dos países em que a 
      opinião pública e as organizações da sociedade civil mais debatem o 
      assunto ALCA, especialmente agricultura. Também não deve ser deixado sem o 
      devido reconhecimento o processo de abertura dos negociadores do governo 
      brasileiro às organizações sociais, ainda que em nível muito abaixo do 
      desejado. Porém, quando comparamos com outros países, a postura do governo 
      brasileiro tem sido mais aberta à participação da sociedade.
 Nas reuniões da SENALCA (Seção 
      Nacional de Coordenação dos Assuntos Relativos À Área de Livre Comércio 
      das Américas) que já foram pelo menos 30, muito se tem discutido sobre o 
      melhor posicionamento brasileiro, contando com a participação de inúmeras 
      organizações governamentais e não governamentais. Entre as organizações 
      sociais e ong’s participantes destacam-se as centrais sindicais, a Contag, 
      a FASE, Action Aid, entre outras.
 Tudo isso não significa que a 
      participação brasileira nas negociações tenha sido a desejada tanto em 
      termos mais gerais como também em relação à agricultura, onde 
      aparentemente a postura brasileira tem sido bastante crítica em relação à 
      grande potência do continente, os EUA.
 Para muitos movimentos, intelectuais 
      e particos ainda não estão claras quais as possíveis vantagens e 
      desvantagens desse acordo. Rubens Barbosa, Embaixador do Brasil em 
      Washington e ex-coordenador do Brasil no Mercosul alerta “Não há ainda uma 
      idéia clara das vantagens e desvantagens para a economia brasileira, 
      porque inexistem estudos técnicos que discutam em profundidade e com 
      objetividade os efeitos da liberalização comercial ampliada sobre o setor 
      industrial e do agronegócio (...), menos ainda sobre serviços, políticas 
      públicas e investimentos”.
 Lia Yalls Pereira, economista da FGV19  
      alerta que os acordos não se restringem à liberalização tarifária e que é 
      muito difícil prever os impactos desse tipo de integração. Ela aponta 
      também que um acordo com a União Européia poderia trazer mais benefícios 
      do que com os EUA. Com os EUA haveria, inclusive, risco de redução do PIB 
      industrial brasileiro. A economia brasileira, segundo Lia, poderia se 
      transformar numa grande “maquiladora”, como ocorreu com o México.
 Para Coutinho e Furtado20, “a abertura 
      comercial produziu pelo lado das importações efeitos quantitativos muito 
      além dos previstos, sem no entanto propiciar (...) os efeitos qualitativos 
      que lhe foram atribuídos”. Os autores dizem também que “a abertura 
      unilateral da economia brasileira aos fluxos de comércio mundiais não foi 
      acompanhada por uma ampliação correspondente dos mercados de destino dos 
      produtos brasileiros”. Dizem ainda “se o ritmo da abertura e o formato da 
      estabilização produziram grandes transformações e perturbações, nem uma 
      nem outra se revelam suficientes para dotar a economia duma trajetória 
      dinâmica e sustentável, capaz de propiciar o crescimento duradouro e abrir 
      novas oportunidades inovadoras de desenvolvimento”.
 Para esses autores são fundamentais 
      observar as seguintes questões quando objetiva-se obter vantagens em 
      processos de integração comercial:
 
        Como pode-se observar, o Brasil não 
      está bem posicionado em nenhum dos pré-requisitos citados.
    Desenvolvimento de empresas e grupos empresariais 
      fortes, de grande porte, capazes de atuar globalmente; 
        
   Desenvolvimento de novas especializações competitivas 
      em setores de alto valor agregado, o que pressupõe o acúmulo de 
      capacitação tecnológica e a formação de núcleos endógenos de inovação nos 
      sistemas empresariais; 
        
   Habilitação 
      do Estado na implementação das políticas contemporâneas de proteção contra 
      o comércio desleal, regulação dos monopólios e da concorrência, permitindo 
      a instituição de trajetórias produtivas dinâmicas e sustentadas. 
          Com relação às negociações sobre 
      agricultura, o país, não somente o governo, ainda tem muito que avançar no 
      sentido de compreender melhor quais seriam realmente os mais importantes 
      interesses brasileiros que deveriam ser defendidos nas negociações. 
        É um desafio para esse governo e 
      para a sociedade em geral atuar nas negociações internacionais levando em 
      consideração não apenas a discussão de acesso a mercados, mas sim os 
      interesses de um país que possui uma importante economia agrícola. Essa economia agrícola emprega 25% 
      da PEA, ou 18 milhões de trabalhadores, segundo dados oficiais, mais de 
      80% em regime familiar. Essa agricultura trabalha sobre um dos mais ricos 
      ecossistemas do planeta, exigindo preocupações mais abrangentes que apenas 
      a produção agrícola. A biodiversidade e os recursos naturais que possuímos 
      formam um patrimônio que é também econômico e precisa ser defendido nas 
      negociações comerciais. Agricultura também viabiliza mais de 75% dos 
      municípios do país, contribuindo com a arrecadação e com a economia local. 
      A agricultura brasileira, quando baseada na produção familiar, contribui 
      também para a ocupação mais equilibrada do território nacional, sendo 
      responsável, em certa media, também pela dinamização da economia urbana.
 Além disso, há que se refletir se o 
      país está levando em consideração nas negociações sobre agricultura outras 
      preocupações. Como estão sendo tratadas as questões referentes às 
      economias ajusante e a montante da agricultura. Como estão sendo tratadas 
      nas negociações os interesses referentes ao modelo tecnológico e a 
      produção dos insumos para a agricultura. Vamos aprofundar nossa 
      dependência tecnológica ou vamos abrir caminho para a construção de maior 
      autonomia nessa área. Da mesma forma em relação ao controle/coordenação/planejamento 
      das cadeias agroindustriais do país. Até que ponto as negociações levarão 
      a uma maior desnacionalização do setor e a imposição de novas barreiras à 
      entrada de empreendedores nacionais. Os processos anteriores de abertura 
      já causaram estragos enormes nessa área.
 Até que ponto as negociações não nos 
      levarão a ter que internalizar práticas sanitárias e fitossanitárias 
      excludentes, travestidas de preocupações com a qualidade dos alimentos, 
      mas que servirão para excluir, concentrar e estabelecer barreiras à 
      entrada de nossos próprios produtores e empreendedores no mercado 
      agroalimentar e agroindustrial.
 As negociações sobre agricultura não 
      podem de maneira alguma ser restritas a lógica de acesso a mercados e aos 
      interesses exclusivos dos exportadores e importadores. As declarações de 
      cúpula já incorporaram outras preocupações, assumindo compromissos que vão 
      além da discussão tarifária e de políticas comerciais. Os Chefes de Estado, 
      reunidos no Canadá declararam que a agricultura e o meio rural são 
      fundamentais para o combate a pobreza na região e para o desenvolvimento 
      sustentável dos países.
 Para Ricardo Markwald, diretor da 
      Funcex, a possibilidade de não adesão brasileira a ALCA deve ser levada em 
      consideração, caso as vantagens para o país não sejam as esperadas. Os 
      riscos de exclusão envolvidos numa eventual desistência da participação 
      brasileira na ALCA não levaram ao fechamento do mercado hemisfério para 
      nossas exportações. 50% do comércio brasileiro total e mais do que isso 
      para o agrícola vão para EUA e União Européia, países com os quais não 
      temos relações de preferência comercial. Esse quadro não se alteraria com 
      o Brasil estando fora da ALCA.
 A OIT (Organização Internacional do 
      Trabalho) manifestou-se sobre os possíveis impactos do globalização e da 
      integração regional para os trabalhadores do campo. Segundo Vali Jamal21 , 
      citando relatório da OIT, metade dos habitantes do Nordeste deve migrar 
      para grandes cidades da região e depois para o Sudeste devido aos impactos 
      da globalização e da integração regional. As causas seriam a péssima 
      remuneração do trabalho no campo, o modelo tecnológico intensivo em 
      capital e o apoio exclusivo à produção de commodities.
 O Brasil precisa formular melhor e 
      tornar claro para a sociedade qual é o seu projeto para a agricultura e 
      para o meio rural brasileiro. Somente a partir desse projeto é que as 
      posições brasileiras poderão ter mais consistência e legitimidade.
  Bibliografia  
      
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      sobre a Alca pós-Quebec, artigo
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      Subsecretaria-Geral de Assuntos de Integração Econômicos e de Comércio 
      Exterior, Relato Preliminar das atividades do Grupo de Negociações de 
      Agricultura (GNAG) da ALCA - De Buenos Aires a Toronto - Brasil, Outubro 
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      políticos nos processos de integração", a ser realizado de 27 a 29 de 
      novembro de 2001 em São Paulo.
 Reunião do Foro de São Paulo, 
      Declaração - México, 02 de 2001.
 Riad, Procesos de Integración 
      Regional, 
      novembro de 2001.
 Valor Econômico, Brasil, Êxodo Rural 
      vai crescer no Brasil, prevê OIT, in artigos da ALCA -.
 Via Campesina - Soberania 
      Alimentaria y Comércio Internacional, Analisis y Posiciones, 
      novembro de 2001.
 1 Todos os documentos oficiais dos acordos 
      firmados para a construção da ALCA podem ser acessados pela internet 
      através da página da ALDA:  
      www.ftaa-alca.org .
 2 Em “Alca, um acordo inaceitável”, trabalho 
      apresentado no seminário Emprego e Desenvolvimento Tecnológico, organizado 
      pelo Dieese, Cesite e CNPQ, setembro de 1998. 3 Em texto base aprovado para o 8º Congresso 
      da entidade, realizado em março de 2001. 4 Organização internacional composta por 
      organizações de agricultores com postura bastante dura contra os efeitos 
      da globalização sobre a agricultura.  5 A Frente Sul da Agricultura Familiar é uma 
      organização que reúne sindicatos, cooperativas, associações e ong’s da 
      região Sul. Maiores informações sobre a Frente Sul da Agricultura Familiar 
      podem ser encontradas na página do deser: www.deser.org.br. 6 Maiores informações sobre a Via Campesina 
      podem ser obtidas em www.viacampesina.org. 7 Maiores informações sobre a RIAD podem ser 
      obtidas na página da organização: www.riad.org. 8 O Fóro de São Paulo esteve reunido no 
      México em fevereiro de 2001e publicou uma carta aberta a sociedade, onde 
      apresenta seu posicionamento a respeito da integração nas américas. 9 As fontes são o USDA, para produção 
      agropecuária e a OMC para os dados de comércio. 10 Os instrumentos de política de 
      apoio interno utilizadas pelos EUA podem ser analisadas com mais detalhes 
      em Integração nas Américas, Uma Abordagem a partir do Rural - Deser, 
      novembro de 2000. 11 Dados da PNAD 2000. 12 Os números se referem a todos os 
      estabelecimentos que produzem, não estando separados aqueles que tem maior 
      integração com o mercado. 13 O mecanismo de união 
      aduaneira do Mercosul tem sido tema de inúmeras divergências entre 
      brasileiros e argentinos. O governo brasileiro tem atuado na defesa e 
      manutenção do mecanismo. Isso garante maior poder de negociações para o 
      Brasil e para o bloco. Os argentinos por sua vez, entendem que a Argentina 
      tem necessidade de estabelecer sua própria política aduaneira, propondo o 
      fim da TEC. 14 Fonte:
       
      <http://www.conab.gov.br/publicacoes/indicadores/1201-impostoimportacao.htm"> 15 Os recursos do 
      Pronaf, por exemplo, são contabilizados na OMC como gastos em políticas de 
      apoio interno que não distorcem o comércio, segundo fontes governamentais. 
      Maiores informações sobre os gastos e as políticas agrícolas podem ser 
      encontradas. 16 Ver materiais do Deser sobre o 
      assunto.  17 Ver Acordo Agrícola do GATT. 18 Já está em circulação uma nova versão do 
      Acordo Agrícola da ALCA em que algumas seções, especialmente a de Acesso a 
      Mercados e Medidas Sanitárias e Fitossanitárias estão com versões menos 
      conflitivas e contraditórias. 19 Em artigo Impactos da ALCA 
      e do Acordo Mercosul-União Européia nas economias brasileira e Argentina, 
      produzido como parte dos trabalhos contratados pelo MDIC. 20 Em artigo “A Integração 
      Continental Assimétrica e Acelerada: Riscos e Oportunidades da ALCA” de 
      Luciano G. Coutinho e João Furtado. 21 Matéria disponível na página do 
      Mercosul, 
      sob o título: “Êxodo rural vai crescer no Brasil, prevê OIT”. |